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ISABEL DRUMOND BRAGA
As Mulheres e o Lúdico na Época Moderna



Apesar de a palavra lúdico não ser utilizada na Época Moderna, apenas era conhecido o vocábulo ludo, isto é, jogo; procuraremos apresentar alguns elementos de reflexão relativos às relações de género e aos divertimentos, nomeadamente que tipo de distrações eram praticadas e quais os interditos femininos à participação nos jogos e outros entretenimentos quer populares quer da Corte. Neste sentido, procuraremos tipificar o tipo de distrações mais comuns, quem neles participava e a maneira como certas interdições foram ou não sendo superadas. Para este propósito indagaremos fontes diversificadas, nomeadamente, relatos de estrangeiros, notícias publicadas na Gazeta de Lisboa e em outros jornais, nomeadamente nas gazetas manuscritas, sem esquecer algumas informações contidas em correspondência diplomática e em processos do Santo Ofício da Inquisição.

MARTA ROSA
Indecências e obscenidades - a presença feminina nos palcos portugueses na viragem do século  (1774-1804)



O séc. XVIII português é um século de viragem, nomeadamente no que diz respeito à forma como a sociedade encara as mulheres. Nesta comunicação falar-se-á sobre este tema dando especial atenção às mulheres no teatro, sobretudo na sua função de actrizes, mas também como membros do público. Iremos acompanhar a crescente presença feminina nos palcos desde o final de setecentos até ao início do séc. XIX. Notar-se-á igualmente o aumento registos na Intendência Geral da Polícia que referem maus comportamentos do público, de actores e de artistas femininas, demonstrando de que forma as mulheres no palco alteraram definitivamente o paradigma teatral e social português.

10h00-11h00

Mulheres na História e no Teatro

HELENA REIS SILVA.
Figuras de mulher no teatro português de Quinhentos​



Das virginais pastoras e cúpidas regateiras de Gil Vicente às muito urbanas e burguesas "donas de casa" de António Prestes.

MARIA VIRGÍLIO LOPES.​
As mulheres no teatro: Flagrantes satíricos



Graças ao enorme sucesso da representação caricatural e revertendo também para ele, a partir das últimas décadas do século XIX (numa tradição que se irá prolongar nas primeiras décadas do século XX), centenas de actrizes estiveram na mira do desenho satírico. Algumas delas chegaram mesmo a fazer incursões na caricatura, publicando as suas imagens em periódicos de grande tiragem. O fascínio e a decepção, os deslumbramentos e os desencantos nas salas de teatro transbordam assim para o desenho caricatural, originando flagrantes humorísticos com impacto não despiciendo na construção da imagem mediática das artistas que, em figuras individualizadas ou como elementos de um conjunto, em vedeta ou em personagem, vêem defeitos e deslizes expostos na praça pública. Através da análise de um conjunto de desenhos satíricos, a comunicação propõe-se reflectir sobre o valor documental da caricatura, mostrando como ela é susceptível de fornecer informações relevantes acerca de aspectos como o estatuto das actrizes no teatro, a sua importância no seio dos elencos ou o seu lugar na sociedade.

JOSÉ CAMÕES.
Comunicação freirática​



A vida das freiras nos conventos de clausura que abundavam Portugal no século XVII torna-se matéria apetecível para a sátira, que estabelece um novo tipo farsesco - o freirático. Esta comunicação abordará as representações de comportamentos transgressores perpretados por modelos de rigor canónico, no teatro português de Seiscentos.

SEBASTIANA FADDA
No princípio era o verso e o seu reverso: Reflexões fragmentárias sobre Auto do solstício de Inverno de Natália Correia



Anti-académica e erudita, Natália Correia conseguiu interpelar em toda a sua obra as grandes questões que ocupam a dimensão do humano e da história, mas também as que ao mesmo tempo a podem transcender convocando a esfera do sagrado e do atemporal. O desejo de conciliação dos opostos é um dos traços salientes da personalidade artística da poetisa que, dos versos, extravasa para a sua dramaturgia. Deste modo, nela sobressaem a força poderosa de certa tradição literária e a ousadia de a retirar dos manuais insuflando-lhe novo alento, a necessidade de desmistificação da história e a capacidade de a transfigurar para o futuro, a reivindicação da liberdade individual e a afirmação duma liberdade colectiva exercidas sem atropelos mútuos. “Femininista” convicta, aponta para o mistério da vida em que grandeza e pequenez devem encontrar pacificação: embora o ser humano seja imperfeito e frágil, ou limitado até à tacanhez, a isso não deveria resignar-se por escolha própria, mas antes lutar para emergir da sua própria escuridão. Neste teatro, temas e personagens, elevados ou populares que sejam, vibram na frequência do mito e do rito, reenviando para uma recusa indignada da mediocridade por parte da autora, numa procura de raízes, de especificidades individuais e colectivas, de autenticidade e justiça, empreendida num constante jogo de esgrima entre a rara acutilância crítica, o sensitivo fulgor da palavra em acção, a militância da mulher que desempenha o seu direito e dever de cidadã integrada e participativa na sociedade do seu tempo. Auto do solstício de Inverno, a última peça redigida por Natália Correia, em 1989, será talvez um testamento dramático que sintetiza muitas daquelas suas preocupações.

RITA DE AZEVEDO.
Osmía de Teresa de Melo Breyner (1788), uma dramaturgia feminina?



A Osmia de Melo Breyner luta durante toda a tragédia para se libertar das manipulações das injustiças de que se considera alvo. Não aceita a irracionalidade. É uma mulher iluminada, racional e com plena consciência que o adágio “até que a morte nos separe” será o único caminho que lhe será permitido escolher no universo masculino em que se encontra. A morte é pois a única via, pessoal, intransmissível, iluminada e racional para que a personagem não se traia e mantenha os seus valores, ou melhor, a sua virtude acima de qualquer suspeita. É esta mulher quem severa se julga e que constata, em relação ao domínio varonil a que está sujeita pelo matrimónio: “A mim primeiro do que a ti me é preciso ter contente. A ti posso enganar-te, a mim não posso [...]."

11h30-12h40

Representações do feminino

14h30-15h20

Criações no feminino

15h30-17h00

Mulheres no palco

CLÁUDIA SALES OLIVEIRA
Mercedes Blasco (1867-1961): actriz maldita



Em sua defesa, contra o que sobre ela escreve Sousa Bastos na Carteira do Artista, Mercedes Blasco dá início a uma série de cinco títulos autobiográficos que publica num espaço de trinta e um anos, de 1907 a 1938. Única actriz do seu tempo com uma carreira internacional pelos palcos da Europa, quando regressa em 1919, ao fim de onze anos de ausência, não mais será reintegrada no tecido teatral do nosso país, convertendo-se numa cronista e escritora. Através da narrativa de si, a autora constituir-se-á como uma mulher excepcional para o seu tempo e uma actriz maldita, incompreendida pelos seus pares, lutando incansavelmente pela sua reintegração nos palcos. No último título, Diário duma escriba, conformar-se-á, por fim, contrafeita, à sua condição presente, chegando mesmo a renegar o seu glorioso passado de divette. Seguindo a sua narrativa, daremos aqui conta da transformação de um artista impedido de exercer a sua arte. Impedimento tanto mais premente quanto ao actor diz respeito, tratando-se de uma profissão artística dependente de vários meios e regras que se entretecem e se implicam de forma particularmente ostensiva numa época de grandes mudanças no teatro como foi a primeira metade do século XX.

Imagem retirada da base de dados iconográfica OPSIS
TERESA FARIA
D. Maria José de Gouveia Tovar e Menezes, Abadessa do Mosteiro de Arouca : Um processo de construção da personagem para o espectáculo A última freira  de José Carretas



Reflexões a propósito do Mosteiro de Arouca (da Ordem de Cister), referindo questões como a solidão, a devoção a Deus, o poder dentro de um universo feminino fechado, as possíveis relações com o exterior, algumas regras e disciplina, “pequenos prazeres” / divertimentos e privilégios.Para referir a criação da personagem da Abadessa do Mosteiro de Arouca (votos de noviça em 1812, m: 1886) são abordadas questões como o feminino e o masculino, o privado e o público, a relação com a sua criada D. Rosa do Sacramento, as opções ideológicas e as estratégias para garantir a sobrevivência do Mosteiro (como a venda do espólio), os seus sonhos, desejos e o medo da morte. Enfim, os últimos dias de uma Abadessa que viveu como uma rainha.

ANDREIA BRITO SILVA
Laura Alves ou o Paradigma da vedeta popular



O nome da actriz Laura Alves (1921-1986) ficará para sempre ligado ao palco e à história do extinto Teatro Monumental - espaço onde obteve os maiores sucessos da sua carreira e arrecadou os maiores aplausos. Como cabeça de cartaz, esgotou lotações durante largos meses com espectáculos que, ainda hoje, o público recorda. Para este sucesso muito contribuíram as personagens desenhadas pelos dramaturgos que levou à cena e o modo único como Laura Alves as interpretou. Foi capa de inúmeras revistas femininas como paradigma de beleza da época e de mulher exemplar. A proposta deste trabalho é a análise da forma como a actriz exibiu e explorou a sua feminilidade, tanto nos palcos como na imprensa e de que modo a sua imagem marcou o público. Será também colocado em discussão o conceito de femme fatale quando aplicado à figura da vedeta popular – título que Laura Alves nunca recusou. No centro da pesquisa estará a análise de algumas personagens que granjearam maior sucesso junto das plateias entre as décadas de 1950 e 1960 e das publicações que foram acompanhando estes êxitos e se revelam um contributo essencial para a elaboração do perfil das figuras femininas a que Laura Alves deu voz e às quais se dedicou de corpo e alma.

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